Percebe o que te prende e impede de avançar
Em Junho de 2007, com a iluminação do quarto de hotel a meia luz, refletia sobre todas aquelas situações que me aconteceram durante a viagem que tinha escolhido fazer para encontrar as respostas que tanto procurava.
Com o caderno de apontamentos aberto sobre a cama, escrevi as seguintes perguntas:
Como posso sentir mais realização e preenchimento no meu caminho?
Como posso encontrar o meu caminho?
Nessa noite, TOMEI UMA DECISÃO que mudou totalmente a minha vida e me fez entrar num caminho jamais imaginado. Estava pronto para voltar a casa.
Após ter regressado da minha viagem e de ter voltado à rotina diária, procurava dentro de mim a coragem para comunicar ao meu diretor a decisão que tinha tomado. Não era nada fácil chegar ao pé dele e dizer-lhe olhos nos olhos que agradecia tudo o que ele tinha feito por mim, mas que estava na hora de encontrar o meu caminho. Não era nada fácil abandonar um local que tanto me tinha dado. Não era nada fácil largar uma rotina instalada durante anos e avançar para algo desconhecido.
As razões para o fazer eram as mais nobres possíveis:
Precisava de voltar a sentir-me entusiasmado por aquilo que fazia. Precisa de estar em contacto com a minha essência. Precisava de fazer algo que me preenchesse e com que me sentisse feliz. Precisava de me sentir em paz.
Passaram dias, semanas, e a decisão continuava por comunicar. Porque o medo era maior que a minha coragem e porque os pensamentos continuavam a vir à cabeça e a roubar-me aquilo que mais queria: a minha paz de espírito.
Pensamentos que ocupavam todo o espaço existente. Pensamentos que me dividiam interiormente. Pensamentos que se repetiam vezes sem conta e que assumiam vozes dentro de mim. Vozes que me diziam:
Tens um trabalho seguro, porquê mudar?
Que história é essa de encontrares o teu caminho?
Do que é que vais à procuras? O que é que te falta?
E se não conseguires?
E se falhares?
Como é que vais sustentar a tua família?
A paz de espírito que mais precisava parecia mais longe, e no espaço deixado vago por ela crescia agora a frustração.
A frustração por me continuar a faltar a coragem.
A frustração por não conseguir sair do mesmo sítio.
A frustração por ter contado a minha decisão a alguns amigos e me terem criticado e chamado de maluco.
A frustração por parecer que ninguém me compreendia.
A frustração por ficar irritado com as crianças quando chegava stressado a casa do trabalho.
A frustração por gerar insegurança no relacionamento com a minha companheira.
Sim, a frustração atua de forma transversal e não poupa ninguém à sua passagem. E por norma, esta frustração é descarregada em cima das pessoas mais próximas e que menos merecem: as que vivem lá em casa.
Os relacionamentos são profundamente afetados pela incapacidade de transmutarmos toda a frustração que vive dentro de nós. “Quem paga é o outro”, é uma expressão que se adequa aquilo que eu vivi, pela falta de coragem em comunicar uma decisão que interiormente eu sentia.
Como lidar então com a frustração?
Lembro-me de ter vestido uns calções, colocado uma t-shirt e agarrado num par de ténis, mesmo antes de bater com a porta de casa. E corri.
Corri para fugir de mim, para terminar de vez com aqueles pensamentos, para tirar aquele peso que sentia no meu peito. Corri e gritei. Gritei muito.
Gritei porque me faltava a coragem. Porque a dúvida me apertava. Porque a paz não chegava.
Gritei até o vento levar as palavras. Gritei até o sol queimar os lábios. Mas não parei. Por isso continuei. A correr. A gritar. Na esperança da frustração passar.
No regresso a casa reforcei a decisão, independentemente da frustração. Abri a porta, falei com a minha companheira e com a minha filha e pedi. Pedi perdão por tão infundada reação.
Como lidar então com a frustração?
Com verdade. A verdade do coração.
No início de Setembro de 2007 nasceu a minha 2ª filha. Tinham passado 2 meses desde a minha tomada de decisão em me despedir. As responsabilidades aumentaram e nesse momento a comunicação da decisão tornou-se ainda mais difícil.
Quando prolongamos uma decisão tomada sem a assumirmos nem a comunicarmos, prolongamos uma dor, acentuando-a ao ponto dela se tornar insuportável.
Acordamos com ela.
Conduzimos com ela.
Almoçamos com ela.
Reunimos com ela.
Respiramos com ela.
Fingimos que está tudo bem, com ela.
E por fim, adormecemos com ela.
Para no dia seguinte voltarmos a repetir tudo.
A não ser que esta dor, mascarada de frustração, nos separe tanto interiormente que decidimos ter chegado o momento. O momento para AVANÇAR.
E esse momento chegou dia 1 de Outubro de 2007, 3 meses depois de ter tomado a decisão. Frente a frente, com toda a coragem e determinação comuniquei a minha decisão, abandonando a minha dor e frustração. Daí a 3 meses, sairia de uma empresa com salário garantido no final do mês e abraçaria num novo caminho. O do empreendedorismo. E tudo ficou mais claro. E tudo ficou mais leve. E eu fiquei em paz. Aquela que tanto procurava.
E isto não aconteceu só comigo. Acontece com muitas pessoas com quem eu me cruzo todos os dias, como a Filipa. Esta é a sua história e convido-te a vê-la.
A FRUSTRAÇÃO é a 1ª das 3 coisas que precisamos de largar para avançarmos no nosso caminho.
A frustração destrói a paixão nos relacionamentos, impede-nos de sermos criativos na nossa profissão, corrói a saúde, afasta-nos da nossa família e faz-nos perder a nossa paz de espírito.
Eu sei que é importante e que queres mesmo saber as 3 COISAS QUE DEVES LARGAR, mas por hoje gostava que refletisses na 1ª coisa a largar e que respondesses a estas duas perguntas:
1 – Em que situações do teu dia costumas sentir frustração?
2 – Porque é importante para ti largares a frustração? (escreve todas as razões que te lembres)
Desejo-te boas respostas e…
Amanhã revelar-te-ei a 2ª COISA que precisas de LARGAR para avançares no teu caminho.
Um abraço inspirador.
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