Naquele dia em que recebi o telefonema da pessoa que trabalhava na secretaria do Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais de Lisboa a referir que tinha entrado para o 1º ano, voltei a sentir aquele sinal estranho que vem de dentro, e foi tão notório, que mesmo por telefone a pessoa perguntou – “Mas não está contente?”
Passado uns dias comecei a estudar no primeiro ano de Gestão de Banca e Seguros desta Universidade privada. Estudei muito até ao 3º ano, até ao momento em que durante uma aula de Microeconomia o professor referiu algo que colocou em alerta todo o meu corpo. Lembro-me da sensação ser tão bloqueadora, como se um rio descesse por entre montanhas sinuosas com o propósito de chegar ao mar e de repente começar a ver a diminuição do seu fluxo até este ser completamente travado pela enorme parede de uma barragem. Era assim que me sentia.
Com 21 anos fui para casa com aquela sensação estranha que crescia dentro de mim com o passar do tempo. Lembro-me de ter olhado para trás e de ter percorrido as várias decisões até ter chegado ali. Foi incrivelmente doloroso ter percebido que até então tinha sido um bom aluno, um bom filho, um bom neto, um bom miúdo, mas, não tinha sido feliz. Esta era a verdade.
Simplesmente porque tomei consciência que estava a conquistar sonhos que não eram os meus. Eram os sonhos que a minha família tinha para mim. Eu perseguia os sonhos deles para não perder o seu amor.
Percebi o quão desajustado estava de quem eu era e o quanto seria infeliz se continuasse naquele caminho. Foi claro como água.
Estava doente. Completamente doente. Doente por estar a tentar ser quem eu não era. Era como se fosse uma bela e sumarenta laranja com sabor a melão. O invólucro nada tinha a ver com a essência. O corpo era diferente do sumo. Não batia certo. Não era lógico. Não fazia sentido continuar a não ser eu. Não fazia sentido continuar a viver uma doença, que com o decorrer dos anos percebi que se tornou na epidemia do século XXI – querer-se ser aquilo que não se é.
Vejo pessoas a manterem-se em relações que não querem apenas porque acreditam que ter um pouco daquilo é melhor do que não terem nada. Vejo pessoas a trabalharem naquilo que não gostam porque pelo menos ganham para pagar os custos mensais e sobreviverem mais um mês. Vejo pessoas a corromperem quem são por medo de descobrirem aquilo em que se querem tornar. Vejo pessoas a dizerem uma coisa e a fazerem outra. Vejo alunos sem entusiasmo por estudarem matérias sem sentido, avaliados por professores que nunca o quiseram ser, iludidos com empregos que nada têm a ver com a sua essência e que deixarão de existir num futuro muito próximo. Acredito que assim se cria o principio da escassez.
A escassez de aprendizagem, a escassez relacional, a escassez de saúde, a escassez espiritual, a escassez de realização e felicidade e consequentemente a escassez financeira.
A doença espalha-se a passos largos. Mas acredito que existe solução.
Existe solução quando deixarmos de colocar de lado a nossa intuição e o nosso sentir. É através do caminho do coração que tomaremos as melhores decisões de acordo com a nossa alma. Digo-o porque passei e passo diariamente pelos testes da vida, e não sou o único a dizê-lo. Steve Jobs, Steven Spielberg, Nelson Mandela e muitos outros disseram-no e viveram-no. Fizeram aquilo que sentiam. Fizeram aquilo que disseram.
Existe solução quando deixarmos de nos comparar com aquilo que os outros dizem, com aquilo que os outros fazem e com aquilo que os outros têm.
Existe solução quando deixarmos de querer aprender à velocidade dos outros, de querermos ser inteligentes como os outros e de ter a vida que os outros têm. Existe solução quando deixarmos de querermos ser como os outros são.
Existe solução quando estivermos alinhados com a nossa essência, e para mim estar alinhado representa que tudo aquilo que faço está de acordo com a minha e mais profunda e verdadeira vontade. Significa cumprir o propósito e a agenda da minha alma. Significa render-me à minha essência e fazer apenas e só aquilo que para mim faz sentido nesse momento.
O que te quero dizer é que a melhor forma de criares anticorpos para a grande doença do século XXI não é através de uma vacina. É através da coragem de ser quem és.
Desejo-te um dia inspirador
Mário Caetano
Coach, autor e palestrante inspirador
Gracias por expresar lo que todos sentimos y no nos atrevemos a expresar. Coherencia desde el corazón es lo que necesitamos.
saludos desde un corazón luso – venezolano con ánimos de ser un corazón del mundo
que tipo de educação é esta, que cria tão poucos empreendedores? 15 anos de “massacre” para depois pedir criatividade, inovação e mudanças!! Another brick in the wall? Abraço
Muito bom o seu texto. Concordo consigo e reconheço que sou doente dessa mesma doença. A minha questão é simples? Como fazer para reconhecer a doença? Como tratá-la? E qual a especialidade médica a consultar?
Muitos Parabéns pelo seu texto. Muito verdadeiro, sentido e inspirador. Já passei por isto e escolhi com o coração…custou mt mas foi a melhor decisão até hoje. Bjinhs e felicidades. bom trabalho:)
Nesta fase da minha vida, revejo me em pleno na sua mensagem! Sinto que estou a viver uma vida que não me pertence.
Como o entendo!!! Não porque não tivesse vivido o meu sonho mas porque fiz o que sempre sonhei fazer. Aos 6 anos dizia que queria ser professora e foi isso que fiz. Nâo poderia ter escolhido outra profissão!!!
Obg! Por tudo isso, e muito mais, decidi fazer uma pausa profissional e dedicar-me ao que é verdadeiramente importante:a família! Li o seu livro e foi inspirador no sentido de que pude “olhar para dentro” e fazer a minha parte! Os resultados… Entrego! Bem haja
Amei.
Profundo, Verdadeiro, Sentido, e actual.
Sinto o mesmo. Obrigada do coração.
Abri esta mensagem hoje e percebi que tem tudo a ver comigo. Ando no 11º ano de escolaridade e não faço ideia do que quero seguir. Sinto-me completamente perdida. Esta mensagem fez-me perceber que tenho de colocar as opiniões dos outros de lado por um momento e avaliar realmente o que gosto de fazer e quem realmente eu sou.
OBRIGADO
Revejo-me no seu texto. Rescendi contrato em out/2017 depois de 20 anos de carreira na banca. Embora me sinta feliz por me ter libertado de uma vida insuportável, neste momento o k mais me angustia é não ter descoberto ainda o k gostaria de fazer realmente. Tenho 46 anos uma filha a entrar na universidade, preciso e quero trabalhar mas tb me queria sentir feliz com o trabalho, mas não sei em quê, e este vazio está a deixar-me mto frustrada. Estive num retiro seu em junho/2017 e foi mto bom. Grata pelas suas mensagens.
POR FAVOR ONDE POSO ENCONTRAR SEUS LIVROS AQUI NO BRASIL??
Olá Tânia. Os livros não estão editados no Brasil, no entanto podes encomendar através destes links:
Livro Abre – 199 mensagens para libertares a tua vida. Vê aqui: http://www.mariocaetano.net/livro-abre-199mensagens-mario-caetano
Livro de notas Inspira-TE. Vê aqui: http://www.mariocaetano.net/livro-de-notas-inspira-te